A síndrome do ninho vazio

Lidar com a saída dos filhos de casa e ressignificar a maternidade em uma nova fase da vida.

A maternidade é feita de ciclos. Desde o primeiro choro até o momento em que os filhos ganham o mundo, tudo é um constante aprendizado sobre amor, entrega e despedidas. Quando eles saem de casa para estudar, trabalhar ou construir suas próprias vidas, muitas mães se veem diante de um sentimento profundo de vazio. A chamada Síndrome do Ninho Vazio não é apenas uma saudade comum, mas uma reestruturação emocional que pode ser dolorosa. A Sociedade Brasileira de Psicanálise Integrativa caracteriza o termo como um sentimento de tristeza e solidão.

A psicóloga e escritora Rosely Sayão, que fala frequentemente sobre superproteção, explica que esse momento pode ser especialmente difícil para mulheres em geral, e, talvez especialmente, para aquelas que fizeram da maternidade seu principal papel na vida. “Durante anos, a rotina gira em torno dos filhos. Quando eles partem, surge a pergunta: e agora, quem sou eu?”.

Esse questionamento é natural e, para muitas mães, pode gerar tristeza, ansiedade e até mesmo crises de identidade. Por mais difícil que seja, essa transição não precisa ser vista como um fim, mas como uma nova fase da vida materna.

Muitas mulheres encontram um novo sentido ao se dedicarem a projetos pessoais, ao trabalho ou a atividades que antes pareciam distantes. O desafio é preencher esse tempo de maneira significativa, sem que o amor pelos filhos se transforme em uma âncora que os impeça de voar. Como bem disse a escritora Lya Luft: “Criamos os filhos para o mundo, não para nós”.

No livro Síndrome do Ninho Vazio: Quando os Filhos Crescem e Agora?, de Miryam S. M. Zacarelli, a autora explora as transformações emocionais que as mães vivenciam e como é possível ressignificar essa fase da vida. “O amor materno não termina com a partida dos filhos, mas precisa encontrar novas formas de existir. É o momento de olhar para dentro e descobrir que ainda há muitos capítulos a serem escritos na própria história.” 

Embora a Síndrome do Ninho Vazio, no sentido clássico, esteja mais associada à saída definitiva dos filhos de casa, muitas mães sentem um impacto emocional semelhante quando os filhos começam a ir para a escola pela primeira vez. Esse momento também pode gerar sentimentos de ansiedade, tristeza e uma sensação de vazio, já que marca o início de uma nova fase de independência da criança.

Esse sentimento faz parte de uma adaptação emocional à separação gradual dos filhos, algo completamente natural. Com o tempo, muitas mães encontram maneiras de lidar com essa mudança, seja investindo em novas atividades, reforçando laços sociais ou simplesmente aprendendo a apreciar essa nova fase da maternidade.

A maternidade nunca acaba, apenas se transforma. O ninho pode estar vazio, mas o coração segue cheio de amor e novas possibilidades.

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