Ser mãe é desafiador. Ser mãe de uma criança superdotada é uma jornada única, intensa e, muitas vezes, solitária. A parentalidade superdotada exige um olhar atento, uma escuta sensível e um preparo que a maioria das famílias não imagina precisar. Enquanto muitas mães se preocupam com o desempenho escolar dos filhos, as mães de superdotados vivem uma realidade diferente: precisam entender uma mente que processa o mundo de forma acelerada, emocionalmente intensa e, por vezes, socialmente desencaixada.
A descoberta da superdotação
A maioria das mães não sabe que está criando uma criança superdotada. Elas percebem que seus filhos são diferentes, muitas vezes mais questionadores, hiperativos, sensíveis ou altamente focados em temas específicos. Mas o caminho até a identificação pode ser longo e desgastante, pois falta informação acessível e, em muitos casos, profissionais capacitados para reconhecer e orientar corretamente essas famílias.
A sociedade ainda trata a superdotação como um privilégio, e não como uma característica que traz desafios reais. Ouvimos frases como: “Ah, que sorte! Seu filho é muito inteligente, não deve ter problemas na escola”. Mas a realidade é que muitos superdotados enfrentam dificuldades emocionais, problemas de adaptação e um grande desinteresse pelo ensino tradicional, que muitas vezes não acompanha sua forma de aprender.
A sobrecarga emocional das mães de superdotados
As mães de crianças superdotadas lidam com desafios que vão além da rotina comum da maternidade. Elas precisam gerenciar as intensidades emocionais dos filhos, a cobrança social por um desempenho impecável e, muitas vezes, a solidão de não ter com quem compartilhar essas dificuldades. São mães que escutam conselhos equivocados, que são julgadas por professores e familiares e que, em alguns casos, chegam a duvidar da própria capacidade de educar seus filhos.
Por isso, a informação e o suporte adequado são essenciais. Quando uma mãe compreende a superdotação do filho, ela consegue enxergar além dos comportamentos desafiadores e agir com mais segurança. Ela passa a entender que a hipersensibilidade não é frescura, que o hiperfoco não é teimosia e que a busca por justiça extrema não é rebeldia, mas sim traços característicos da superdotação.
Como acolher e educar um superdotado?
A parentalidade superdotada precisa de um equilíbrio entre acolhimento e firmeza. Um superdotado precisa ser compreendido, mas também precisa aprender a lidar com suas intensidades, respeitar limites e desenvolver habilidades socioemocionais. Aqui estão alguns pontos fundamentais para quem cria uma criança superdotada:
- Aprenda sobre superdotação: Entender as particularidades do seu filho faz toda a diferença. A informação é uma ferramenta poderosa para evitar frustrações e lidar melhor com as dificuldades.
- Estabeleça limites claros: A superdotação não deve ser uma justificativa para comportamentos inadequados. A criança precisa aprender a respeitar regras, lidar com frustrações e entender que suas necessidades não estão acima das dos outros.
- Dê espaço para seus interesses: Superdotados costumam ter paixões intensas por determinados assuntos. Estimule esse aprendizado, ofereça desafios e ajude seu filho a explorar suas habilidades.
- Ajude a desenvolver habilidades sociais: Muitos superdotados têm dificuldade em fazer amigos ou entender regras sociais. Ensine sobre empatia, comunicação e respeito às diferenças.
- Busque uma rede de apoio: A maternidade superdotada pode ser solitária, mas não precisa ser. Encontrar outras mães que vivem a mesma realidade pode trazer alívio e suporte emocional.
O Clã: Um espaço para mães de superdotados
Foi pensando nessa necessidade de acolhimento e orientação que criei o Clã, uma comunidade exclusiva para mães de superdotados. Lá, ofereço conteúdos, mentorias e ferramentas para que essas mães se sintam seguras e preparadas para educar seus filhos sem sobrecarga e culpa. No Clã, falamos sobre desenvolvimento emocional, desafios comportamentais, estratégias educacionais e, principalmente, sobre como tornar essa jornada mais leve e equilibrada.
A superdotação precisa de voz
Ser embaixadora do Seminário Internacional de Mães é uma grande honra e uma oportunidade incrível para ampliar esse debate. Quero levar para mais mães o conhecimento e o suporte que eu mesma busquei quando comecei essa jornada. A parentalidade superdotada precisa ser discutida, compreendida e respeitada. E juntas, podemos garantir que mais crianças tenham o espaço e o suporte necessário para se desenvolverem plenamente.
Se você se identificou com essa realidade ou conhece alguém que precisa dessa informação, compartilhe este texto. A superdotação não precisa ser um desafio solitário – existem caminhos, existem soluções, e você não está sozinha.
Sobre a autora
Janaína Figueiredo é especialista em superdotação e parentalidade, mãe de superdotados e pós-graduada na área. Criadora do Clã, uma comunidade para mães de superdotados, e autora de cursos e mentorias que já impactaram mais de 2000 alunas em 23 países. Seu trabalho foca em oferecer soluções práticas para os desafios emocionais e comportamentais das famílias de crianças superdotadas.