Parentalidade equânime: palavras difíceis para ideias simples

Parentalidade equânime: palavras difíceis para ideias simples.

Você já deve ter ouvido falar da tal parentalidade, uma palavra grande que diz respeito ao estado ou condição de pai ou mãe. A palavra é cada vez mais usada por profissionais atentos às novas configurações familiares e não se refere somente à relação biológica, mas também a relações sócio afetivas. Isso porque lá se vai o tempo em que crianças eram cuidadas exclusivamente por suas mamães.

Pai, avós, tios, padrinhos, madrastas e padrastos entram em cena com cada vez mais frequência como cuidadores principais dos pequenos, pelos mais variados motivos e, juridicamente, a parentalidade passou a se referir às relações duradouras de cuidado e afeto para com crianças como se filhos fossem.

As mulheres têm buscado equilibrar sua participação em todos os espaços que ocupam, lutando por igualdade de gênero na esfera profissional, espiritual, sexual, financeira, mas, mesmo com os avanços vistos na esfera familiar, a parentalidade ainda é uma preocupação majoritariamente feminina.

Homem e mulher funcionam de formas diferentes. Culpa da biologia, da cultura, do que for, queiramos ou não, essa é uma verdade notável (e bíblica). Assim sendo, não poderíamos esperar que o posicionamento de pai e mãe fossem 100% semelhantes. Mas as funções sociais são as mesmas: Nutrir, proteger, educar, amar e acolher.

O que se percebe é que, com o crescente número de famílias sem figura paterna, nós mulheres seguimos acreditando que maternamos muito bem e que o papel do pai é quase supérfluo. Isso não é verdade!

Vale lembrar que funções diferentes não são necessariamente mais ou menos importantes uma que a outra e que o amor, assim como a culpa e o adoecimento atingem a mãe e o pai com a mesma força, ainda que não com a mesma frequência. 

É nesse ponto que surge o sonho da parentalidade equânime. Equânime é aquilo que é justo e imparcial. 

Uma parentalidade equânime compreende pai e mãe a partir da igualdade de direitos e responsabilidades, diminuindo a sobrecarga da mulher e dando ao homem maior oportunidade de participação ativa na vida das crianças e na rotina da família. Esse comportamento nos permite compartilhar as atribuições de forma mais consciente, constante e apartidária em prol da boa educação das crianças, mesmo diante de situações complicadas. 

Pai não é ajudante, ele é co-responsável e, tudo o que faz por seus filhos e sua família deve ser visto como atitude de amor e zelo obrigatória, não como um favor destinado à mulher. Essa visão, no entanto, precisa partir dos dois lados, que devem analisar as necessidades diárias com neutralidade: Pai e mãe podem alimentar, trocar fraldas, ensinar a tarefa, dar banho, acompanhar ao médico desde que estejam física e emocionalmente disponíveis para suprir essa demanda e manter a criança segura.

Nessa nova perspectiva do cuidar, a criação dos filhos deve ser vista como incumbência que pode ser igualmente cumprida independente do gênero do cuidador. 

O Seminário Internacional de Mães, oportuniza um encontro especial entre pais e profissionais da parentalidade, permitindo um olhar coletivo sobre o lugar de homens e mulheres no que diz respeito ao cuidado com o outro e mais especificamente a criança. 

Participar de eventos como esse é essencial para garantirmos que cada vez mais famílias tenham acesso à informação e conhecimento de qualidade em busca da igualdade de responsabilidades, direitos e acolhimento entre os gêneros quando o assunto é a criação dos filhos.

Mudar pequenas atitudes diárias em direção a uma parentalidade equânime, não será o suficiente para acabar com todas as desigualdades entre homens e mulheres, mas é um pequeno passo em direção a simetria de gêneros. 

E esse passo pode ser dado hoje, dentro da sua casa. Que tal conversar sobre isso?

Leticia Junqueiro, psicóloga e orientadora parental.

Entusiasta da Saúde Mental Materna e mãe de 04 filhos.

Quatro livros publicados para o público materno.

Colunista nas revistas D’Elas e EMBAIXADORA do Seminário de Mães.

ADAPTADO DO TEXTO ESCRITO POR LETICIA JUNQUEIRO PARA: 2o edição da revista digital d’Elas.

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