Os desafios do desenvolvimento infantil: da gestação à primeira infância

Os desafios do desenvolvimento infantil: da gestação à primeira infância

Descubra os principais marcos do desenvolvimento infantil e aprenda estratégias práticas para apoiar o crescimento saudável e feliz do seu filho

Eu não sei vocês, mas, quando eu descobri que estava grávida, um dos meus preparos psicológicos foi para os pitacos que eu sabia que ouviria da mãe, da sogra, da avó, da tia, da amiga com filhos, da amiga sem filhos, da vizinha e até daquela pessoa que eu nunca vi na vida e, só por um dia, encontrei na recepção do consultório pediátrico.

Cuidar de um bebê é uma das experiências mais desafiadoras e gratificantes que os pais podem e devem vivenciar. E durante esse período único é comum que surjam dúvidas sobre o que é considerado normal no desenvolvimento infantil ou qual é o sinal de alerta para alguma situação atípica, e até mesmo uma preocupação cotidiana ou excessiva em como apoiar da melhor forma o crescimento do bebê.

Durante o primeiro ano de vida de um bebê, é importante observar uma série de marcos de desenvolvimento que indicam o progresso em várias áreas, como social, emocional, cognitiva e motora. Segundo a pediatra, alergologista e imunologista Dra Stela Santi Crepaldi, esses marcos são diretrizes gerais e podem variar entre as crianças, mas ajudam a identificar, precocemente, possíveis problemas de desenvolvimento.

De 0 a 4 meses: os bebês geralmente começam a sorrir, fazer sons como “cooing” e levar as mãos à boca.

Aos 6 meses: eles costumam brincar com outras pessoas, olhar para si mesmos no espelho, sentar sem apoio e rolar.

Aos 9 meses, ou já próximo deles: os bebês podem começar a fazer sons como “mama” e “dada”, entender a palavra “não”, engatinhar e se levantar com apoio.

Aos 12 meses: muitos bebês jogam “esconde-esconde”, seguem instruções simples e andam segurando em móveis.

Até o 1.º ano: o desenvolvimento neurológico está associado a mudanças significativas no cérebro. Essas mudanças são fundamentais para o desenvolvimento de habilidades como a memória de trabalho e o surgimento de medos universais, como o medo de estranhos e a separação do cuidador.

“Esses marcos são importantes não apenas para monitorar o desenvolvimento típico, mas, também, para identificar sinais precoces de distúrbios do desenvolvimento neuropsicológico, que podem incluir atrasos no desenvolvimento motor e de linguagem, bem como dificuldades em interações sociais. Portanto, a observação cuidadosa desses marcos pode ajudar na identificação precoce de potenciais problemas de desenvolvimento”, ressalta a Dra Stella.

É importante lembrar que cada bebê tem seu próprio ritmo, e atrasos pequenos nem sempre são motivo de preocupação. No entanto, consultas regulares com o pediatra ajudam a monitorar esses avanços e garantir que tudo esteja dentro dos padrões saudáveis.

Um grande incentivo dos especialistas são as brincadeiras e aprendizado, que andam de mãos dadas no desenvolvimento infantil. Desde o nascimento, os bebês aprendem sobre o mundo por meio da exploração e interação. Brincadeiras simples, como cantar, fazer caretas e oferecer objetos coloridos, ajudam a estimular os sentidos e promovem habilidades motoras e cognitivas. À medida que o bebê cresce, jogos mais complexos, como montar blocos ou brincar de esconde-esconde, contribuem para o desenvolvimento da coordenação e do raciocínio. Além de ser aliados do desenvolvimento, momentos de brincadeira são essenciais também para fortalecer o vínculo entre pais e filhos.

Para estimular o desenvolvimento cognitivo de uma criança durante o primeiro ano de vida de maneira saudável, é importante considerar uma abordagem multifacetada que inclua nutrição adequada, estimulação cognitiva e um ambiente de sono saudável.

A nutrição desempenha um papel crucial no desenvolvimento neurocognitivo. Nutrientes como lipídios polares e proteínas de alta qualidade são fundamentais para o desenvolvimento cerebral normal. Além disso, a diversidade microbiana intestinal, influenciada pela dieta, pode impactar a maturação cerebral e o comportamento.

Não se engane e não deixe ser enganada! A introdução alimentar não é uma tarefa legal, embora seja um momento muito aguardado pelos papais. Aqui em casa eu tenho dois e posso contar em uma palavra como foi cada uma das minhas experiências: 1.º filho: frustrante; 2.º filho: assustadora. Mas, calma, tenho amigas que descrevem o momento como incrível. Isso só nos prova como cada criança é de um jeito, cada casa e cada mãe também. Então não se cobre, apenas se prepare para qualquer situação, como a do seu filho não gostar da sua comida (aconteceu comigo…e eu chorei muito).

A pediatra lembra que a nutrição desempenha um papel crucial no desenvolvimento motor e cognitivo de crianças pequenas, especialmente durante os primeiros anos de vida, que são críticos para o desenvolvimento neurocognitivo. “Estudos indicam que o estado nutricional, a diversidade alimentar e a estimulação psicossocial estão associados ao desenvolvimento motor e mental em crianças. A nutrição adequada durante a infância, incluindo a ingestão de nutrientes essenciais como proteínas, ferro, zinco, iodo e ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa, é fundamental para o crescimento cerebral normal e o desenvolvimento neurocognitivo”, reforça a dra. Stela.

Os desafios do desenvolvimento

É muito comum na maternidade nos depararmos com a frustração antes mesmo do bebê nascer, quando as coisas não caminham conforme imaginamos ou prevemos, o que, normalmente, deixa os pais muito inseguros.

Depois, já com o seu bebê em casa, é comum também que eles enfrentem dificuldades temporárias, como refluxo, cólicas, mais tarde problemas para engatinhar ou andar ou atrasos na fala. Muitos desses desafios são superados naturalmente, mas alguns exigem atenção especializada.

Cuidado para não cair na cilada dos mitos, como “meu bebê só vai andar se eu o colocar em um andador” ou “você, meu filho, só andou quando amarrei um lençol na sua cintura”. Isso pode confundir e atrapalhar as decisões dos pais. Sempre consulte um profissional para esclarecer dúvidas e evitar práticas que não tenham respaldo científico.

O sono

A importância do sono não pode ser subestimada no desenvolvimento do bebê. O sono adequado é essencial para o crescimento físico, a consolidação da memória e o equilíbrio emocional. “Estabelecer um padrão de sono regular e consistente, com um ambiente de sono seguro e confortável, é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e psicossocial”, lembra a dra Stela.

Bebês recém-nascidos precisam de cerca de 16 a 18 horas de sono por dia, enquanto crianças maiores podem precisar de 10 a 14 horas, dependendo da idade. Criar uma rotina consistente para o sono, com horários regulares e um ambiente tranquilo, ajuda a garantir que o bebê durma o suficiente e de forma reparadora.

Habilidades sociais e emocionais

Esses desenvolvimentos em crianças começam desde os primeiros meses de vida e continuam a evoluir ao longo dos primeiros anos. Durante esse período, as interações com os pais e cuidadores desempenham um papel crucial. Estudos indicam que comportamentos maternos específicos, como brincar com a criança, cantar, contar histórias e ler livros, têm um impacto positivo no desenvolvimento da competência socioemocional. Além disso, a sensibilidade e o vínculo emocional entre mãe e filho são determinantes importantes para o desenvolvimento socioemocional precoce.

Os pais podem ajudar no desenvolvimento social e emocional de seus filhos ao modelar e ensinar habilidades de competência afetiva, que incluem a experiência, comunicação e compreensão das emoções. Isso pode ser feito por meio de interações diárias que incentivem a expressão emocional e a empatia, além de estabelecer rotinas que promovam a segurança emocional.

Sinal de alerta

Segundo a pediatra e imunologista, na literatura médica existem alguns sinais de alerta que ajudam a identificar quando uma criança pode estar enfrentando dificuldades no desenvolvimento.

Atrasos na fala e na linguagem são frequentemente identificados em crianças a partir dos 24 meses, quando ela fala menos de 50 palavras ou apresenta fala incompreensível. Além disso, atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo podem ser observados em crianças que não atingem os marcos típicos, como sentar, engatinhar ou andar, dentro do período esperado.

Ela também destaca a importância de observar comportamentos atípicos, como dificuldades na interação social, uso de objetos e processamento sensorial, que podem ser indicadores de transtornos do neurodesenvolvimento.

Mas é importante lembrar que nós, mães e pais, não somos obrigados a saber de tudo, nem de “sentir” o que a criança precisa. Sempre que houver preocupações sobre o desenvolvimento de uma criança é imprescindível a procura por um especialista, com avaliação mais aprofundada.

Cuidar de um bebê exige paciência, amor e conhecimento. Superar os desafios e evitar mitos com base em orientações pediátricas confiáveis são passos importantes para garantir um início de vida saudável e feliz. Lembre-se: cada bebê é único, e a jornada da maternidade ou paternidade é tão especial quanto os pequenos que nela florescem.

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